terça-feira, 10 de dezembro de 2013

CAPITULO XIV

CAPITULO XIV
A noite passou e no cair da manha do outro dia, o médico estava na fazenda para examinar Iracema. Depois de quase uma hora com ela no quarto, e com a mãe anciosa do lado de fora, ele saiu e disse para D. Nanci, que realmente pelo que acompanhara do quadro de Iracema, ela tinha melhorado significadamente, pois recuperara a sensibilidade, ainda de forma defecitária, mas bem melhor do que antes.
  Diana havia saído cedo, a história daquela casa misteriosa ainda lhe instigava, e naquela manha estava decidida em voltar naquele recinto e tirar a dúvida ou a cisma de uma vez por todas.
  Novamente cavalgando foi até aquela frondosa árvore a beira daquele rio calmo, onde ficou por alguns instantes. Ainda lhe faltava coragem. Não sabia por que, mas a curiosidade se mesclava com o receio. Mas uma coisa era certa, a dúvida não poderia persistir.
  Mas como chegar a casa de um desconhecido? Como explicar-se? E se não tivesse ninguém lá? A dúvida persistiria? Com certeza sim? Hipóteses múltiplas passavam em sua cabeça, pensava na hipótese de ser ladrões. Mas logo via que era besteira, ladrões não teriam tamanha organização, teriam?
  Se já tinha saído de casa com este propósito, não iria voltar para lá sem uma resposta, ainda mais desistir sem ao menos tentar? Não, estava fora de cogitação. Levantou-se daquela sombra fresca, e montou-se na égua, e cavalgou a beira do rio, para lá chegar. Em pouco tempo já estava lá. Para sua surpresa todas as janelas da casa, que não eram muitas, estavam abertas, e lá no quintal uma velha senhora estendia lençóis brancos, limpos, alvos, no varal. Diana estava cada vez mais receosa.
  Mas tinha que saber o por que daquela casa tão isolada, e na verdade, estava procurando um por que , pois não tinha motivo nenhum para estar ali, era curiosidade, curiosidade da mais pura.
  Chamou, ainda um pouco longe, mas chamou, e a velha senhora respondeu ao chamado da moça, ainda que tenha sido aquele tradicional “ô de casa” de quando não se sabe quem se chama.
   A senhora, foi chegando mais perto, e a chamou para dentro.
- Entre minha filha, achegue-se pra cá.
Diana  encantada ainda por ser uma senhora a dona dali, entrou e foi logo querendo dar uma explicação.
- É que eu estava com sede, a senhora poderia me dar um pouco de água?
- Pode entrar minha filha, a casa é nossa...
- Ah, não precisa, aqui mesmo esta bom.
- Entre, insisto. Você não sabe como é ruim ser assim tão solitária.
Diana não podia e nem queria dizer não a tão bondosa senhora. E foi entrando atrás dela.
  Ao chegar na cozinha, como de costume das casas de interior, a dona já disse para que ela se sentasse sem cerimônias, e antes mesmo de iniciarem uma conversa, ela trouxe algo para Diana tomar.
  Ela assustou-se.
- O que é isso?
- Ué, não foi você mesma que pediu a água?
- Ah, sim, verdade...
- Estes jovens de hoje em dia, pouco sabem o que querem...
- Verdade...
 -  Qual é seu nome moça?
- Diana, meu nome é Diana, e o da senhora?
- Meu nome é Joana, e assim me chamam, Mãe Joana.
- Joana, é um nome bonito.
- É, de nome a gente não reclama né, a gente não muda...
- Mas e a senhora vive só, neste lugar tão longe?
- Sim, moro sozinha, desde há muitos anos.
- E não é perigoso?
- Não, não é, não tenho nada que possam me roubar. Mas e você encontrou o que queria?
- Como assim?
- Eu sei bem que você já esteve aqui minha filha...
- Sabe? Como saber?
- Eu sei, e pronto...
- Perdoe-me, é que estava passando, e tive muita curiosidade. Confesso que entrei na casa.
- Eu percebi. Sou muito organiza, percebo cada coisa fora do lugar. Sem falar no meu radinho, deixei ele ligado, e quando cheguei estava desligado. Ele não desliga-se sozinho.
- Mas uma vez peço desculpas.
- E a curiosidade foi tanta que teve de voltar né? Desculpa que está com sede?
- Confesso....
- Nessa rota quase não passa ninguém. Muito raramente alguém desvia.
- Mas agora já sei quem é que vive aqui, Mãe Joana, estou satisfeita. Mas vou-me indo tenho muito trabalho...
- Vá então, não quero atrasar você, mas volte...
E assim Diana foi saindo, quando ao longe, ela gritou, cuide bem dos seus animais.

  Diana estava confusa, em momento algum dissera a Joana sobre seu trabalho. Mas era melhor tirar isso da cabeça. Voltou para a fazenda. 

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