domingo, 29 de dezembro de 2013

CAPITULO XX

CAPITULO XX
  Naquele dia Diana, que ainda não havia falado muito sobre Iracema para Julio, resolveu mostra-la a ele, Dona Nanci não gostava muito que a filha recebesse visitas, mas para Julio abriu uma excessão.
 - Há muito tempo ela se encontra em sono profundo Julio, minha mãe ainda tem esperanças que ela acorde.
- Mas não dá sinais de uma possível volta?
- Há pouco tempo ela mexeu o dedo, e depois a mão, o médico que a visita disse que poderia sim ser um sinal de regresso.
- Será que eu posso vê-la?
- Claro, vamos até o quarto, minha mãe não gosta muito que ela receba visitas, mas no seu caso ela entenderá.
  Encaminharam-se rumo a última porta daquele imenso corredor, bateu na porta, e logo Dona Nanci veio a encontro deles.
- Com licença mamãe, Julio gostaria de conhecer nossa princesa.
- Oh sim, queira entrar, estava rezando um pouco. (Dona Nanci passava o dia rezando).
- Venha Julio pode entrar, disse Dona Nanci.
  Entrou ressabiado, mas entrou.
  Ao ver aquele rosto pálido sobre a cama, rosto desfalecido, sem cor, era quase inacreditável que se tratava de uma pessoa em coma, começara a imaginar como seria aquela mulher em sua vida normal. Mas Julio não pode conter-se e uma emoção exorbitaria tomou conta dele, algumas lágrimas caiu ao chão. Nanci e Diana ficaram sem entender, embora muitos que viam Iracema tinham esta mesma reação, D. Nanci mesmo, vez ou outra era pega chorando no quarto.
  Julio sentia um abafamento no peito, algo inexplicável, era como se conhecesse aquela mulher que ali estava, era como se tivesse estado com ela, mas não conseguia reconhecer aquele rosto pálido, se ao menos pudesse ver seu olhar, mas não os olhos, claro, fechados não deixavam que ninguém sentisse sua presença.
  - Faz muito tempo que ela se encontra neste estado?
- Uns sete anos talvez.
- Sete anos? Mas por que aconteceu com ela?
- Ninguém sabe ao certo. Ela andava meio doente, estava fraca, e quando foi um dia encontramos ao chão, caída, levamos ao hospital, foram meses de tratamento, mas todos os médicos diziam que ela estava em coma, e que não tinha o que fazer, que só com o tempo ela poderia se recuperar.
- A senhora precisou ser muito forte.
- Precisei? Se precisei, mas não fui, não me conformo.
- Deus queira que um dia ela se cure.
- Ele quer, eu tenho fé que um dia minha filha, minha tão querida filha estará entre nós.
- E o Sr. Marajó, ele o que pensa?
- Sobre?
- Sobre o caso, não poderia ter sido algum acidente?
- Meu marido fala que ela estava desmiolada, não falava coisa com coisa, ele que a encontrou caída ao chão.
- A polícia não foi acionada?
- Polícia? Chegou a vir aqui, mas não deu em nada, o próprio pai disse que se tratava de “desmiolamento” da filha, eles desconsideraram qualquer hipótese criminalista.
- Se o pai disse, ele deve saber o que estava fazendo.
- Claro. Marajó sempre foi muito rígido com os filhos, mas também muito preocupado, não demonstra mas sempre foi muito preocupado.
  Julio ficou muito intrigado com tudo aquilo, era um caso muito estranho. Logo mais, Diana acabou contando à ele, que na época, pouco antes do ocorrido, Iracema tinha realmente tido uns surtos, e que isso a desestruturava bastante, a irmã começava a dizer algumas coisas sem sentido, chorava muito, dizia sentir falta de alguém que ela nunca dizia quem era, no final isto causava muita dor a toda a família, o pai as vezes perdia a paciência, e saía de casa no meio da noite para se acalmar. Dona Nanci tentava acalmar a filha, mas não adiantava muito.

  Contou ainda que tudo que acontecera com Iracema só acontecera depois dela, Iracema,  voltar de uma viagem.

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