sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

CAPITULO XIX

CAPITULO XIX
  Hanz não conseguira esquecer daquele beijo, também nem queria, mas se sentia mal por não ter feito nada, poderia ter não correspondido ao beijo, ou melhor, poderia ter aproveitado a situação e não ter deixado Dalila ir para o quarto, ou ainda poderia ter ido com ela, não, mas era melhor parar de ficar pensando em besteiras, aquilo era uma casa de respeito, Dona Margarida era uma mulher de respeito, Dalila era uma mulher de respeito (embora não demonstrasse isso com as vestimentas que usava) sempre tão provocante, com decotes tão acentuados em vestidos de cor tão viva, aguçara não mais, ou até mais que o desejo.
  Mas com os dias que passaram aquele sentimento de atração que se transformara em desejo fora ficando cada vez mais intenso, e era recíproco pelo menos pelo que parecia.
  Naquela manhã Dalila resolveu conversar com a mãe, que a esta altura do campeonato com certeza já desconfiara que Dalila não estivesse nada bem com o Johan, seu genro.
  Claro que Dona Margarida de início resistira firmemente a ideia, demonstrava um olhar não mais que de decepção, nunca desejara ver sua filha separada, tampouco seu genro, ela aprendera a gostar daquele homem como filho, ainda que como já mencionei, Johan nunca tivesse dado muito certo com o pai de sua esposa.
  Não fora um episódio nada emocionante, Dalila contou que estava sendo agredida, que o marido era muito ciumento, a mãe não discutiu, conhecia bem a filha que tinha, preferia nem discutir, saiu da cozinha, deixou a filha lá sozinha.
  Dalila sentira que tirara um fardo das costas, era uma sensação maravilhosa, antes se sentia como uma mentirosa, já fazia quase dois meses que estava na casa da mãe sem coragem para contar da separação, mas enfim, agora não precisava se sentir culpada. Embora ela não tivesse este hábito.
  Mas em seu canto Margarida refletia, era muito estranho, conhecendo Johan como conhecia acreditar que aquele homem loucamente apaixonado por Dalila, agredia uma mulher? Era no mínimo duvidoso. E ainda mais instigante, se ele era tão errado, não seria viável que ele fosse atrás de Dalila para pedir desculpas? Era muita coisa passando na cabeça de Dona Margarida, ela não conseguia compreender, teve medo de iniciar uma discussão com a filha, teve vontade de rever o genro, e decerto reveria assim que fosse possível.
  Hanz finalmente ouvira de Dalila que havia contado a mãe que estava separada, ele esperava ansioso por este dia, ele temia que a mãe dela descobrisse que eles estavam, tendo um enlace romântico antes de saber que a filha estava separada. Pobre Hanz, não sabia quem era Dalila.
   Mas aquele sorriso de Dalila o encantava como o encantava, um homem antes tão frio, tão distante, que vivia perambulando, homem que mata para não morrer, que vivia em confusão, via-se agora apaixonado, aquela mulher inescrupulosa tomara parte de seu coração, queira ele que não seja apenas mais um queira ele.

  Mas também não era perfeito, nunca fora, não poderia exigir a perfeição. Seria injusto. Acreditava veemente naquela mulher, suas palavras eram doces, e seu olhar provocante, quantos homens não caíram em tentação ao avistar aquele belo par de olhos? Aquele cabelo, negro ondulado longo chegando quase que a cintura, um corpo escultural, boca carnuda e olhos, voltam a falar deles, era de um negror sem igual, Dalila era tão linda quanto misteriosa para Hanz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário