domingo, 22 de dezembro de 2013

CAPITULO XVIII

CAPITULO XVII
Com o passar dos dias aquele sentimento confuso ia crescendo dentro de Hanz e ele não sabia mais o que fazer. Aquela noite estava sendo muito difícil para ele, mais uma vez a insônia tomava conto de seu ser.
  Foi até a varanda, onde encontrou Dalila, esta por sua vez ao ver que Hanz se aproximava tratou de enxugar as lágrimas que caiam sobre seu rosto.
- Por que choras?
- È muito difícil, mas muito difícil mesmo estar aqui na casa de mamãe.
- Você está chorando por estar na casa de sua mãe? Queria eu ter uma casa de mãe para me refugiar diante um problema.
- Você não entende, eu não entendo, quando saí daqui, foi para não mais voltar, sai brigada com meu pai, tudo por conta daquele homem que me roubou a juventude, saí segura, sai determinada, saí infelizmente menina.
- Mas você o amava...
- Amor? Não sei se poderia ser chamado de amor, ara uma pocessão, era um desejo de afrontar meu pai, meu pai o odiava, como o odiava, sequer proferia o nome dele. Praticamente tive que escolher entre meu pai e ele...
- Você fez sua escolha...
- Fiz, fiz uma escolha tola, infantil, pois eu ainda era criança, criança que queria ser mulher, que queria que os outros me vissem como mulher. Fracassei, não fui vista como mulher, mas como uma aventureira que age de modo inoportuno e imaturo.
- Errar é humano, você nunca pensou nisso?
- Errar? Errar realmente é humano, mas nem sempre o que é humano é aceitável pela sociedade.
- Profundo isso, mas eu não posso dar muito palpite, nunca fui um exemplo a ser seguido, nunca o quis ser.
-  Agora me vejo num beco sem saída, ou pelo menos a saída ainda não foi me mostrada, estou cada vez mais deprimida e não consigo sequer pensar em uma decisão findável.
- Decisão? A pouco tempo fiz uma, e por isso estou aqui hoje, mas, concordo com você no aspecto de não ser fácil.
- Fácil? Como desconheço esta palavra, se ao menos minha mãe detestasse ele, eu me sentiria mais segura, ela falaria “seu pai te avisou” e eu ficaria arrependida, mas não, ela gosta dele como se fosse seu filho, assim sempre o foi, nunca me impediu de me encontrar com ele, e quando saí de casa ela quem me deu apoio. Talvez se ela...
- Não, não tente colocar uma responsabilidade sua, em atos da sua mãe, talvez ela,  assim como você, não conseguira enxergar o produto interno deste homem que eu desconheço.
- Verdade, é muito fácil transferia a responsabilidade... Mas não quero falar sobre isso, quero paz, quero sossego.
- Mas quer falar sobre o que? Pode falar comigo, estou aqui para ouvir-te.
- Me conte um pouco sobre você, para onde você quer ir?
- Eu? Eu sinceramente não sei. Não tenho rumo, não tenho estadia fixa, tampouco amigos, vive muito tempo sozinho.
- Mas como assim sozinho?
- Sozinho, passei por muitos lugares, mas forasteiros não são bem aceitos. Cometi alguns erros, mudei-me muitas vezes, nunca consegui fazer que alguém gostasse verdadeiramente de mim, fui muito julgado, pouco ajudado. Mas aprendi uma coisa...
-  O que?
- Nunca subestime as coisas ruins, sempre há algo pior que poderia acontecer.
- Você foi um tanto quanto amargurado.
- É, fui, confesso. E até sou, as vezes olho meu passado, e vejo quão desperdiçado foi meu tempo, as vezes olho e vejo que passei por maus pedaços. E sabe o que é pior?
- Não, o que?
- É que ainda há muita coisa ruim que poderá acontecer, é imprevisível, incalculável.
- Você nunca se apaixonou?
- É, apaixonar? Não sei dizer, nunca tive a oportunidade, sou muito desconfiado... Quem haveria de querer um homem como eu? Um andante sem rumo, sem futuro...
- Nem um amor não correspondido?
- Amor não correspondido? Isso eu sei bem o que é, amei muito, pessoas e lugares, é como seu amasse este lugar e fosse obrigado a sair.
- Posso te dar uma coisa?
- O que?
- Posso?
- Pode, mas seja rápida, pode buscar seja o que for vai ser aceito de muito bom grado...
Não fora preciso dizer mais nada, Dalila, provocante beijou Hanz demoradamente, e saiu às pressas sem dizer mais nada, ainda enxugando as lágrimas restantes. Hanz surpreso, mas um sorriso disfarçado demonstrara o quanto lhe agradou aquele beijo.
A estadia de Julio na fazenda, estava até certo momento muito bem aceita. Mas nada tirava a curiosidade preceptiva de Marajó sobre o paradeiro daquele homem. Desconfiado, muito desconfiado encontrara um momento muito oportuno para conversar com Julio.
  Diana havia saído pela manha, queria ficar uns momentos a sós com a menina Pérola, e a levou para conhecer os animais da fazenda.
  Marajó chamou Julio em uma sala reservada e foi muito direto, assim como sempre foi.
- Sente-se Julio, não vai demorar o que eu tenho para falar-te mas é necessário.
- Sim senhor, prossiga.
- Sei que nada tenho com a vida do senhor, se assim o posso chamar, mas preocupo-me com minha filha e gostaria de saber sobre a sua filha.
- Sobre a minha filha? O que o senhor precisa saber?
- Você ainda tem algum contato com a mãe desta menina?
- O senho está preocupado que eu esteja com as duas mulheres?
- Não estou dizendo isto, mas também não descarto, não o conheço...
- Claro que eu tenho contato com ela, ela cria a minha filha, é impossível não manter contato. Mas na verdade é um pouco mais confuso que isto.
- Mais confuso? Como?
- A mãe de Pérola assim que a teve me abandonou, sumiu no mundo, nunca mais tive notícia. Pérola foi criada pela minha esposa, que conheci pouco depois de ter sido abandonado, ela não podia ter filhos e criou a Pérola como se fosse dela, criou um vínculo muito forte com a menina, tanto que com a separação não quis separa-las.
- É meu rapaz, é uma história bem confusa, mas e a mãe da menina, não tinha motivos para desaparecer?
- Não sei, ela não deu explicações, desapareceu apenas.
- Mas não procurou a polícia?
- Procurei, eles procuraram mas não encontraram nada, conformei-me, não tinha vestígios de nada. Sofri mas aprendi a conviver com o sofrimento.
- Está bom então, era tudo que eu queria saber, e pode ter certeza admito muito a  sua sinceridade, vejo que falo com um homem.
- É, um homem de quarenta anos não é?

- Realmente, quarenta anos, já é uma meia vida.

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