CAPITULO
XV
Hanz e Jorge haviam feito até bastante coisa
naquele primeiro dia no sítio. Hanz explicava a Jorge que sabia que embora não
fosse possível explicar, tinha algo que
o chamava para algum lugar, talvez a sua história escondida o infligisse tanto,
e o fazia ter tanta incerteza e desconfiasse tanto das pessoas. Precisava tomar
um rumo e encontrar não só este local, mas se encontrar.
Ao cair da tarde voltaram para a casa, onde
puderam tomar um banho. Depois do jantar foram se deitar.
Algumas horas depois daquele momento, Hanz,
que não conseguira pregar o olho, levantou-se para tomar um ar, uma água, sei
lá, qualquer coisa que o fizesse sentir o sono, e deixar este entranhar nele.
Foi até a varanda, e quando lá já estava,
surpresa foi ao perceber que alguém o observava, virou de repente, e ao
perceber que Dalila ali estava, ficou meio perdido. Ficou totalmente perdido.
Até por que, Hanz conversava com Tíbia, coisa
que fazia muita falta a ele, e foi justamente por está situação que fez Dalila
tomar coragem e ir até a varanda. Disse-lhe primeiramente que a sua ida até
aquele recinto, se devia as vozes que escutara quando fora até a cozinha para
tomar água, e como as vozes eram mono-direcionais, logo ficou confusa, curiosa,
e ao se deparar com um homem ao conversar com animal, não pode gerar nela uma
atitude diferente a não ser um riso discreto de alívio.
- A senhora deve estar me achando meio louco
né?
-
Meio? Não, imagina, sempre me deparo com homens conversando com animais por
ai...
-
Meu Deus, sabe, é que sempre fui muito só, a muito tempo ando, viajo, e não
tenho contato a fundo com ninguém. Vivo sozinho.
-
Ai, começa a conversar com os cães?
-
Com os cães, com os cavalos... Sabe, nenhum deles nunca me ofendeu, e
principalmente nunca me abandonou.
-
As vezes eu tenho vontade de não ter rumo, de sair por aí, viajar sem me
preocupar com nada, assim como você...
-
Então você pensa que eu não me preocupo com nada? Me preocupo com muita coisa
sabia?
-
Tipo...
-
Me preocupo em saber quem eu sou, por que eu sou. Nunca entendi o porque
daqueles vizinhos terem querido meus irmãos e nunca terem mencionado a
possibilidade de cuidar de mim. Durante anos menti para mim mesmo, dizendo que
escolhi ficar com minha mãe, quando ela estava doente, mas fui obrigado, não tive
opção, ou ficava com ela doente, coisa que eu não me arrependo, ou eu estava na
rua. Não me quiseram...
-
Deve ter sido muito duro, desculpas pelo mal juízo que fis do senhor...
-
Horas, não é necessário me chamar de senhor, não sou tão velho assim.
-
Sou casada senhor, não é bom que tenha tratamentos íntimos com outro homem.
-
Você é casada, eu não. Eu que devo chama-la de senhora, e não você.
-
É melhor ir parando esta conversa por aqui, pois pode ir para um caminho que eu
não quero ir...
-
Não quer ou não pode? Ou pensa que não pode?
-
Melhor eu ir me deitar novamente. Mas boa noite.
-
Boa noite, mas uma pessoa que não me dá respostas.
E assim Dalila entrou casa adentro. Com olhar
espantado, mas cara de felicidade, ela estava em um momento frágil de sua vida
e principalmente de seu casamento, e inegavelmente poderia dizer que Hanz
chamava-lhe muita de sua atenção.
Hanz ficou ali mais um pouco, mas logo, foi
deitar-se, dormir não sei, mas deitar-se era coisa certa, embora essa não fosse
sua melhor intenção principalmente depois da conversa com Dalila.
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