CAPITULO
XVIII
Diana e Perola passaram juntas aquele dia
praticamente inteiro, a pequena ainda apresentava certa resistência perante a
namorada do pai, no fundo, lá no fundo a pequena Pérola acreditava que seu pai
ainda poderia ter algo com sua mãe.
Estavam agora debaixo daquela árvore, árvore
a qual Diana sempre gostava de ficar ali sossegada para meditar. Pérola
brincava com umas pedrinhas, pedrinhas redondas que muitas haviam naquela
região.
Diana a observava, e sentia uma apatia pela
aquela criança que era fora do normal, era algo que não era possível de
explicar, era como se a conhecesse à muito tempo, aquele jeitinho meigo,
ressabiado, um pouco fresquinha confesso, mas muito dócil. Tinha algo que sem
dúvidas chamava a atenção, talvez lembrasse o pai, mas Pérola não era muito
parecida com Julio, a não ser que Diana não tivesse ainda percebido onde
estaria esta semelhança.
- O que você gosta de fazer menina?
-
Não gosto de fazer muita coisa, gosto de ficar quietinha, de ficar com a mamãe
enquanto ela acaricia meus cabelos.
-Então
você é bastante carinhosa. Sabe que eu sempre fui bem diferente de você?
-
Diferente? Realmente, você é muito diferente de mim mesmo. Você fala, fala mais
do que eu, eu gosto de ficar calada.
(Diana
deu um sorriso breve) – Você gosta de ficar calada e eu aqui tentando fazer
você falar.
-
É, mais nõ tem problema, meu pai disse que eu devo conversar com você.
-
Ah seu pai! Você não precisava conversar comigo se não quiser...
-
Ah, então tá bom.
-
Mas você quer conversar comigo?
-
Quero a minha mãe, eu amo a minha mãe...
-
Sim, você ama, e deve amar mesmo, ela deve ser muito boa.
-
É ela é a melhor mãe do mundo.
-
E ela é bonita?
-
Ela é linda. Mas não está muito bem.
-
Não? Por quê? O que está acontecendo com ela?
-
Ela disse que eu não posso falar que o papai não precisa ficar sabendo disso.
-
Disso o que?
-
Que ela está doente...
-
E o que ela tem?
-
Não sei, eu não entendo destas coisas, é coisa de adulto. Eu não insisto, mas
eu quero ficar pertinho da minha mãe. Eu tenho medo, medo dela morrer, tenho
medo de ficar sem minha mamãe.
-
Não precisa ficar assim, ela vai ficar bem, e vocês ainda vão dar muita risada
juntas.
-
Vamos sim, mas eu ainda tenho medo.
-
Não vamos mais falar sobre isso, poderá te deixar deprimida. Vamos passear mais
um pouco?
-
Mas não é tarde?
-
No lugar onde eu quero te levar é pertinho daqui.
Assim as duas levantaram-se e foram em trote
no cavalo de Diana, para uma casa que afeiçoava muito Diana, esta casa mesmo
que poderá ter vindo a sua cabeça neste momento. A casa da mãe Joana.
Desceram a beira do rio abaixo, e logo
estavam na beira daquela simples casinha. Mãe Joana já a esperava na porta,
como se já soubesse da visita de Diana, a velha estava com umas flores na mão,
por falar nisso a casa de Joana era repleto de flores, te todos os tipos, mais
as sua preferidas eram as rosas, como Joana amava aquelas rosas.
- Minha filha você veio me visitar?
-
Oh dona Joana, estava passando e resolvi dar um pulinho aqui...
-
E trouxe sua sobrinha?
-
Não, ela não é minha sobrinha, é minha enteada, sou noiva do pai dela.
-
Pobre menina, sofre tanto...
-
Como assim Dona Joana?
-
Nada não, deixa pra lá, essa menina está com um olha sofrido.
-
A senhora às vezes fala umas coisas que me assusta Dona Joana...
-
Minha menina, não precisa de se assustar, qualquer um percebe no olhar de uma
criança quando ela está triste, mas e você, como está?
-
Estou muito bem Dona Joana, trabalhando, cuidando dos meus animais, e agora com
esta companhia doce desta menina linda...
-
Então ela já está morando com você?
-
Não, não, ela não vira morar comigo, ela mora com a mãe...
-
Mora com a mãe? Não entendo...
-
O que não entende?
-
Ela, morar com a mãe, ela visita a mãe, ela não mora com a mãe, a mãe dela está
perto, mas está longe, está longe, muito longe...
-
Como assim Dona Joana?
-
Minha cabeça dói minha filha, dói muito, acho melhor fazer um chá.
-
Eu devo ter algum comprimido aqui na minha bolsa...
-
Não, não, deixa seus remédios, eu tenho os meus, as ervas que me curam, e eu
cuido delas. Mas agora vou tomar meu chá.
-
A gente também está de saída, passei só para que você conhecesse a menina.
-
A sim, muito linda ela, ela deve ter saído à mãe.
Diana ficara sem entender, mas deveria ser
alguma coisa na cabeça de Dona Joana mesmo, ela estava confusa, parecia confusa
segundo Diana. Era melhor deixa-la um pouco sozinha, saíram para voltar à
fazenda.
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