CAPITULO
XXI
Dona Margarida levantou-se bem cedo, tinha
que saber a versão de Johan, saber por
que dele ter agredido sua filha, sendo que o mesmo parecia a amar tanto. Antes
que Dalila levantasse, ela chamou Jorge, que como sempre se dispôs a fazer a
vontade da mãe.
Foram eles, e não depois de muito tempo se
encontravam nas redondezas da casa de Johan, sendo que tal casa não era tão
distante do sítio de Dona Margarida, a casa estava localizada no centro da
pequena cidade, e Johan por sorte ainda estava em casa.
Ao bater na porta da casa, quem a atendeu foi
uma mulher, que de primeira vista, Dona Margarida não reconhecera, e até
pensara que pudera ser o pivô da separação.
Foi recebida com muita educação, e não
precisou nem perguntar para a mulher se apresentar, ela era irmã de Johan, e
estava ali justamente para ajuda-lo nos afazeres domésticos. Ao recordar-se de
Lúcia, que da última vez que vira ainda era uma menina, Dona Margarida tratou
logo de pedir desculpas explicando a confusão que tinha feito.
-
Sentem-se, gostaria de falar com o Johan?
-
Sim, ele está?
-
Está sim, anda meio adoentado, mas está sim. Vou chama-lo.
A mulher saiu, e pouco tempo depois voltou
acompanhada do irmão.
-
Dona Margarida, como vai a senhora?
-
Estou um pouco preocupada, e você meu filho?
-
Um pouco gripado, mas nada demais. A que devo a honra de sua visita?
-
Você bem deve imaginar, é Dalila.
-
O que tem Dalila, aconteceu alguma coisa com ela? Estás doente?
-
Não, não, é que recentemente ela me contou que vocês estão brigados, gostaria
de saber o que aconteceu...
-
Ela certamente devera ter te contado algo, não?
-
Contou, mas conhecendo-a como a conheço, bem posso saber que ela fantasiou um
pouco.
-
Mas o que ela disse?
-
Bem, é difícil para mim, mas só pela sua preocupação com a saúde dela, vejo que
ela no mínimo faltou com a verdade.
-
Ora, Dona Margarida já estou ancioso.
-
Bem, segundo ela, seu ciúme doentio fez com que você fosse agressivo com ela,
diz que você chegou a bater nela.
-
Não nego.
-
Como assim? Como podes?
-
Mas ela decerto não lhe contou toda a história?
-
Disse que você estava com ciúmes dela.
-
Decerto, não era para estar? Sua filha é linda, e eu confesso que ainda a amo.
-
Mas isto não é motivo para bater nela.
-
Pois então, com o perdão da palavra, permito-me contar-lhe o que aconteceu:
“Já fazia algum tempo, que andava
desconfiado, e muito na cidade me alertaram, que minha esposa, mulher que tanto
amei, me traia, eu não acreditava, achava que era invenção dos que não queria
minha felicidade. Lúcia mesmo, minha irmã, chegou a me alertar do que era o
nome de Dalila, na boca dos outros, chegou a falar com a própria Dalila,
inocente, tentando ajuda-la a se livrar dos comentários. Arrumei muita briga
minha senhora, por conta disto, tentava deixar para lá, esquecer, mas eram
frequentes a denúncias. Fazia questão de acreditar em minha mulher. Para mim
ela não mentira nunca, triste ilusão. Um dia, Lúcia discutiu com ela, pois
sabia de algo, que eu me recusava a aceitar. Peguei minha irmã, e fui para casa
de mamãe, para entrega-la para que parassem as brigas, Dalila não quis vir com
a gente, ficou em casa sozinha, pelo menos é o que eu pensava. Durante a
estadia na casa de mamãe, pelo clima chato que ficara, adiantei minha volta, e
ao chegar, triste decepção, encontrei minha Dalila aos beijos com um homem
daqui da cidade. Não consegui me conter, parti pra cima dos dois, o homem,
fugiu pela janela, e Dalila ficou ali, olhando para mim, que depois de lhe dar
uma bofetada, chorava, me senti o pior dos homens.” - Confesso Dona Margarida,
não só levantei a mão para sua filha, como lhe dei uma bofetada.
Ao terminar o caso, Dona Margarida, não sabia
mais onde enfiar a cara, sentia vergonha da filha, sabia que ela não era fácil,
mas não podia imaginar que ela era tão sem escrúpulos, trair aquele homem,
daquele jeito, e ainda lançar boatos, colocando-o como culpado? Não era triste,
era vergonhoso. Não conseguia sequer olhar nos olhos de Johan, que agora
chorava discretamente. Ele ainda levantou-se e deu um abraço em Margarida, os
dois choraram juntos.
Enquanto isto no sítio, não era de se
estranhar que Dalila e Hanz tivessem aproveitado a saída de Margarida e Jorge.
Aquela mulher, agora provocava mais do que desejo em Hanz, ele agora sentia que
a amava, e não era fácil, se apegou tão rápido a ela, que não entendia, talvez
por que quase nunca tinha a atenção de alguém. E saber que logo, logo teria que
ir embora dali, e deixar para trás este amor, isso se não fosse antes deixado
por ela.
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